Quando o X da questão é, de fato, um X
É estranho quando percebemos, que, ainda
na contemporaneidade, em uma sociedade pós moderna que se intitula tão evoluída,
ainda há casos de intolerância e incomplacência com o pensamento alheio.
Presenciamos todos os dias, pessoalmente ou principalmente em redes sociais – que
se tornaram quase que um espaço típico para esse fim - exposição de posições e críticas,
sejam de qual natureza for, sobre qual assunto for. Essa exposição exacerbada é
de extrema importância para garantir a própria liberdade de expressão e para
tornar pública discussões de cunho social. Acontece, entretanto, que muitas
vezes ela passa dos limites gerando desrespeito e intolerância. Surgem assim
como resultados, ao invés de um crescimento intelectual advindo de uma discussão saudável, desentendimentos desnecessários e situações em que o outro
é ridicularizado ou exposto de forma constrangedora.
Por que, mesmo em pleno século 21, ainda há indivíduos incapazes de aceitar a diferença? Por que, para alguns, parece mais correto impor os próprios valores e opiniões aos alheios?
Uma hipótese? Somos filhos de pais da geração X. A geração X, compreende aqueles nascidos entre meados da década de 60 até início da década de 80. No Brasil, essa geração vivenciou acontecimentos como as “Diretas Já” e o fim da ditadura. Mas apesar de depositar grande valor à opinião crítica e acima de tudo própria, apresentam certas resistências às mudanças e em relação a tudo que é novo. E é claro que essas características não são concretas e verticais, ao contrário, são totalmente flexíveis, híbridas e variam de geração para geração, local para local, família para família e até mesmo de pessoa para pessoa. Entretanto, elas apresentam tendências de comportamento.
A juventude brasileira dos dias atuais,
foi criada por pais pertencentes a Geração X. Pais que ensinaram que se deve
ter uma opinião formada sobre os mais variados assuntos, que se deve ter visão
crítica e acima de tudo, se deve ter voz, mas que ao mesmo tempo, tem medo do
diferente e mais do que isso, das diferenças. Que fique claro que não estou
depositando sob a Geração X qualquer tipo de culpabilidade em relação as
atitudes da nossa juventude, até mesmo porque cabe à nós mesmo a
responsabilidade sobre essa. A questão é que muitos de nós sabemos “pensar” e
lutamos pela liberdade de manifestar esse “pensar”, mas ao mesmo tempo não
sabemos aceitar a liberdade e o pensamento do outro e acabamos, por assim
dizer, aniquilando a nossos próprios princípios de uma forma paradoxal. E
quando percebemos essa atitude, criamos um aceitar desaceitado, onde dizemos
que “tudo bem pelo outro ser o que é, desde que...”. O que de fato, parece pior
do que a não aceitação, porque é uma forma hipócrita de apresentar a própria intolerância.
Findo esse texto com a certeza de que mais do que aceitação e tolerância, precisamos respeitar o outro. Respeitar sem julgamento e sem imposições, sabendo que se o outro parece diferente pra você, é porque você é diferente para ele também!
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