Em meio a anotações financeiras da década de 40 sobre dias
de trabalho na roça, capinas, café, milho, queijo, gado e dividas em mirreis,
construção de ranchos e oração contra erva, traçados em caligrafia deslumbrante, descubro
alguns pequenos, simples - e ao mesmo
tempo tão ricos – registros do cotidiano do meu grande bisavô Olívio Batista Ribeiro.
Hoje, 23 de fevereiro de 41, às 03 da tarde.
Belíssimo tempo. Estou assentado na sala e Maria deitada
sobre o assoalho. Ibrahim e Gabriel brincado com sacos de café e me amolando pª
fazer carrinho. Isso é impossível com tanta preguiça. A inglesa deitada e o periquito
a assobiar. Foge Gabriel enjoado!
Matta da Goiabeira, 24 de outubro de 1943
Belíssima tarde, Ibrahim, Maria e Odilon a brincar pelo
curral, Hermenegilda doente de cama.
Tarde tão alegre para que pode, já para mim, tanta tristeza
traz. Em um imenso curral, nenhuma viva alma pª me distrair, neste profundo
bosque debaixo deste paredão.
Adeus capina, adeus mocidade, para nunca mais! Assim Deus o
quis: é nascer, viver e morrer.
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