quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Lembranças de um passado que não é meu





Em meio a anotações financeiras da década de 40 sobre dias de trabalho na roça, capinas, café, milho, queijo, gado e dividas em mirreis, construção de ranchos e oração contra erva, traçados em caligrafia deslumbrante, descubro alguns pequenos, simples  - e ao mesmo tempo tão ricos – registros do cotidiano do meu grande bisavô Olívio Batista Ribeiro. 


Hoje, 23 de fevereiro de 41, às 03 da tarde.
Belíssimo tempo. Estou assentado na sala e Maria deitada sobre o assoalho. Ibrahim e Gabriel brincado com sacos de café e me amolando pª fazer carrinho. Isso é impossível com tanta preguiça. A inglesa deitada e o periquito a assobiar. Foge Gabriel enjoado!


Matta da Goiabeira, 24 de outubro de 1943
Belíssima tarde, Ibrahim, Maria e Odilon a brincar pelo curral, Hermenegilda doente de cama.
Tarde tão alegre para que pode, já para mim, tanta tristeza traz. Em um imenso curral, nenhuma viva alma pª me distrair, neste profundo bosque debaixo deste paredão.
Adeus capina, adeus mocidade, para nunca mais! Assim Deus o quis: é nascer, viver e morrer.


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