Acho
engraçado como é recorrente ver pessoas se referindo aos sonhos como algo
extraordinário, e incentivando os outros a sonharem, ou a correr atrás de seus
sonhos.
Não
me refiro aqui ao sonho como atividade mental durante o sono, ou como o bolinho
de padaria recheado com algum doce (desse eu corro atrás com prazer), mas sim a
aqueles pensamentos e desejos de vida que, em alguns casos, se confundem com
metas.
Nunca
fui do tipo sonhadora, pra falar a verdade, acho que sou incapaz de sonhar
(talvez seja por isso que pareço a mim mesma tão fria, enquanto redijo esse
texto).
E
por incrível que pareça, apesar de ser possuidora de uma criatividade
extremamente aflorada, sempre tive os pés muito bem presos ao chão, e sempre
preferi me orientar entre metas e ideais a sonhos. Sempre escolhi botar as mãos
na massa, fazer eu mesma o caminho.
Sempre
vi ‘sonho’ como um contrário de ‘vida’.
Talvez
esteja errada, mas essa de ‘sonhos’ me dá a sensação de um espera, de estar ao
vento aguardando uma espécie de milagre.
Nesse
século, essa visão se agrava ainda mais, já que vivemos uma superficialidade e
o sonhar torna-se indispensável à medida que tem uma relação muito tênue com o
‘possuir’. Creio que não seja necessário nesse momento aprofundar no conceito
de como nossa sociedade está estruturada sobre capitalismo, consumo e
efemeridade, mas, é sobre isso que o sonho hoje se assenta.
Sem
consumo, não há sonho!
Uma
prova disso?
Você
mesmo! Qual é seu sonho? Possuir algo, ser bem sucedido, ganhar na loteria... Sem
sombra de dúvida algum dos ‘itens’ citados está incluso no pacote, não é mesmo?
(PS:.
Se você for um sonhador legítimo, o ultimo item está presente nos seus sonhos
diariamente e detalhe: você nem joga!)
Mas
voltando ao texto, sonhar na sociedade de consumo, também virou comércio!
Ninguém
quer ser nada!
Ou
melhor, todos querem ‘ser’ algo por meio de suas posses. É por isso que muitas
pessoas, buscam uma vida inteira -ou se tiverem sorte, muitos anos dela – por algo
que nunca acharão!
Hoje
defendo, com muita convicção, que o que importa não são sonhos ou posses. O que
importa é viver, não a espera do final de semana, ou do dia em que você vai
comprar seu carro, sua casa ou seja lá o que for, mas sim, viver o dia de hoje,
o minuto de agora. Faça planos, trace metas, não de compras (não que você não
deva fazê-lo, só não os priorize) mas de ser alguém melhor em conhecimento,
como ser humano, de ter experiências, vivencias, amigos. Porque para viver é
preciso ter os pés no chão. E porque como disse Belchior e cantou a grande
Elis: Viver é melhor que sonhar!
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